“A Lucidez do Amor” oferece ao leitor uma época da vida de
Paula, que podia ser a de qualquer mulher casada com um militar enviado para a
guerra. No caso de Paula, o seu marido Michael é enviado para Duchambé, no Tajiquistão,
como parte da Força Aérea Francesa, ao serviço da guerra no Afeganistão.
Paula sofre em silêncio a ausência do marido, intensificada
ainda mais porque tinha sido mãe há três semanas, aquando da sua partida. Tudo
se mistura no dia-a-dia de Paula, a maternidade recente e inexperiente, a
ansiedade pela vida de Michael constantemente exposta a perigos, o medo de
estar sozinha numa pequena localidade perdida algures em França. Nem a presença
da mãe a acalma e todos os dias são um peso na vida desta jovem mulher.
Ao longo destas páginas vamos conhecer Paula, a forma como
conheceu e se apaixonou por Michael, mas também a história dos seus pais,
Álvaro e Binta. O pai português conheceu a mãe durante a guerra na Guiné-Bissau
e Paula nasceu deste amor. A sua mãe necessitou de se adaptar a uma nova
realidade quando acompanhou o marido de volta a Portugal, mas é uma mulher inteligente
e tranquila com a vida, ainda que muito do seu passado ainda se reflita no seu
ser.
O que mais me impressionou neste livro foi a sensação de
ansiedade permanente que consegue transmitir. A cada nova página temi as más
notícias, junto com Paula. Senti os seus nervos, as suas angústias. No que toca
a passar a emoção, este livro tem nota máxima!
Por outro lado, o facto de se passar ao longo dos dias da missão de Michael, acabam por o tornar um pouco repetitivo. Embora entenda a intenção, porque assim eram os dias deste jovem casal, repetitivos, quase como se cumprissem uma pena, à espera do dia da libertação, para mim, enquanto leitora, revelou-se um pouco desmotivante. Ainda assim, é um excelente retrato dos efeitos colaterais de uma guerra e tem uma escrita exemplar, como já nos habituou Tânia Ganho!
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