Existem livros que chamam por mim, sem que perceba exactamente
porquê. Foi o caso deste “A Espera”, soube que o queria ler assim que o vi. Não
conhecia a autora, não sabia a sua nacionalidade, a capa pouco me explicou, não
li a sinopse. É curiosa esta relação com os livros, não é? Finda a leitura,
fico muito feliz com este “chamamento”, já que adorei cada bocadinho desta novela
gráfica.
Não sei quanto de autobiográfico contém, mas de qualquer forma,
retrata a vida de uma jovem mulher na Coreia do Sul, nos dias de hoje, com
dificuldades em suportar uma renda em Seul, o que a obriga a mudar-se para uma zona
mais rural, acarretando o peso de deixar Gwijá, a mãe idosa, na cidade, já que
esta se recusa a acompanhar a filha. Mas retrata também a vida de outra mulher
jovem, há muitos anos, que se viu obrigada a fugir da Coreia do Norte para a
Coreia do Sul quando a guerra teve início. Casada há poucos anos e com dois filhos
pequenos, Gwijá teve o infortúnio de se perder do marido e do filho mais velho
durante esta fuga. Este acontecimento trágico irá marcá-la toda uma vida e hoje,
com 92 anos, ainda acalenta a esperança de que a cruz vermelha lhe encontre o
filho perdido há mais de 70 anos. Mais ainda depois de ver uma amiga
reencontrar a irmã, renovando-lhe a esperança.
As ilustrações são a preto e branco, com um traço simples. E,
no entanto, passaram-me tanto sentimento! A dada altura da fuga senti um impacto
imenso com os acontecimentos, retratados de forma original e sensível, que me
tocaram.
Todos sabemos o quanto a Coreia do Norte é um país fechado ao mundo, por isso mesmo, livros que nos mostram um bocadinho dessa realidade passada são sempre muito úteis. Aqui aliamos conhecimento e sentimentos, num cocktail que resulta numa leitura muito interessante e que recomendo sem reservas.
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