Elizabeth Strout destaca-se pela escrita e pela
originalidade como constrói as suas narrativas.
Em capítulos separados que mais parecem pequenos contos, a
autora vai desvendando as suas personagens, de forma quase crua. Aparentemente,
estes diferentes capítulos nada têm a ver uns com os outros. No entanto, à medida
que se prossegue com a leitura, é quase visual o efeito de uma espécie de
bola/puzzle, que se vai fechando até ficar totalmente selada e a história terminada.
Esta particularidade é o que me faz gostar dos livros da autora. Ir descobrindo
os pequenos fios que ligam as personagens, ir entendendo as situações que deram
origem a outras. É muito inteligente e quase uma piscadela de olho ao leitor, o
que aprecio muito.
Contudo, neste livro em particular, a história de cada personagem
não me interessou tanto. Não consegui criar conexão com nenhuma delas, o que me
afastou da história no seu todo.
Em “Tudo é Possível”, continuamos a conhecer a localidade de
Amgash, terra natal de Lucy Barton, que deu título ao primeiro volume desta
série. Lucy e a sua família estão aqui representados como uma família muito
pobre, quase à margem da sociedade. Igualmente presente está a inveja que Lucy provoca
na actualidade, uma vez que reside em Nova Iorque e é escritora de renome. Pelo
meio temos todas as intrigas próprias de uma pequena localidade, onde todos se
conhecem e onde não é possível esconder segredos. E há muito sofrimento e dor
em cada uma destas personagens! Este chega a ser palpável.
Trata-se de um livro pequeno, que se lê quase de uma assentada e que, pelo efeito que provoca no leitor, merece a sua leitura. Enquanto história de vida de personagens, este ficou um tanto aquém de outros que li da autora. No entanto, a série é composta por quatro volumes, pelo que fico a aguardar novos desenvolvimentos nos próximos.
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