Avancei para a leitura de “A Estranha Sally Diamond” sem saber ao certo o que lhe provocava a referida estranheza. E este livro começa logo de forma bruta, quando Sally perde o seu pai, Tom, e decide seguir à letra as palavras deste, colocando-o num saco do lixo e incinerando-o na pequena incineradora doméstica que tinham na quinta. Obviamente não poderia correr bem…
Primeiro o choque, nosso, enquanto leitores, e da população
que não compreende Sally. Depois o entendimento, mas apenas o nosso, que vamos
conhecendo os seus antecedentes, não o da população, que não têm acesso a toda
esta informação.
Tom não é afinal o pai biológico de Sally, isto porque os
seus primeiros anos de vida foram passados bem longe dali e em circunstâncias
muito diferentes. E ainda que Sally não tenha memória viva desses tempos, a
verdade é que moldou a pessoa que é hoje, socialmente inadaptada, com muita
dificuldade em entender nas entrelinhas. Para ela tudo é linear e taxativo.
Mas Sally é daquelas personagens que cativam o leitor. Que se
entende e quer ajudar. E assistir ao seu percurso de crescimento pessoal é
incrível, a forma como o apoio de quem gosta dela a torna mais confiante a cada
passo, a forma como lhe dão espaço e carinho em simultâneo é muito
enternecedora. Mas Sally tem ainda de enfrentar muitos fantasmas, até porque
uma misteriosa encomenda recebida no correio vai fazer tudo remexer de novo…
Gostei muito deste livro, do princípio ao fim! Intenso, bem escrito e com uma narrativa coerente, ainda que muito pesada. Nem o classificaria como thriller, mas mais como uma história de vida. Uma vida que foi perturbada demasiado cedo e que obrigou Sally a viver com as consequências…
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