Já há muito tempo que não encontrava uma personagem que eu entendesse tão bem logo às primeiras páginas! Quase diria que já conhecia Marisa, uma amiga antiga, com quem retomei o contacto mais recentemente, mas cuja conexão nunca se perdeu.
É engraçado como se criam estes laços invisíveis com
personagens…
Marisa não tem papas na língua, é frontal, até um pouco desbocada.
Para nós, leitores, é totalmente transparente, e permite-nos seguir o seu fluxo
de pensamentos (constante e abundante!). Através dele percebemos o quanto ir
trabalhar a afecta. Porque é um sentimento sempre presente de desperdício do
seu tempo útil, que pouco lhe deixa para fazer o que realmente lhe dá prazer.
Quantos de nós não pensámos já o mesmo? Não fossem as
responsabilidades e as contas para pagar, quantos permaneceriam nas suas
funções profissionais?
Marisa dá voz a estes pensamentos que assolam toda a gente,
arriscaria a dizer, cada vez mais… Mas também é Marisa que nos vai dar a
conhecer outros lados desta moeda.
E é aqui que o livro dá que pensar e me fez gostar muito
dele. Qual é o nosso propósito de vida? Qual o nosso papel na sociedade? Porque
seguimos normas e regras, muitas das vezes, que nem sequer nos são impostas?
A dada altura, há uma situação descrita no livro, durante um
outdoor da empresa, que ocupou o fim de semana de todos os funcionários (e que
ocupa umas quantas páginas do livro), que eu não consegui compreender o intuito
e me fez esmorecer um pouco o entusiamo, mas poderei ter sido eu a não alcançar
as razões por detrás das acções…
No computo geral, foi uma leitura que gostei muito de fazer,
que me permitiu reflectir e fazer uma pausa na correria diária. A escrita é
muito cativante, pela sua frontalidade e Beatriz Serrano foi uma nova autora
que me surpreendeu. O livro é composto por três partes, mas as duas últimas são
muito pequenas. A segunda parte é hilariante, e fez-me rir a bom rir, e o final
fecha o livro de forma brilhante!
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