Ler um livro sobre escravatura é saber, à partida, que será uma leitura sofrida. Mas se juntarmos uma mãe escrava em busca dos seus filhos vendidos, temos uma história de amor incondicional que não deixa ninguém indiferente.
Que livro bonito. Que ode ao amor maternal. Personagens
fortes, lutadoras e bem caracterizadas. Sofri a ler este livro, tanto que tive de
retardar o ritmo de leitura, para o absorver e, muitas vezes, respirar fundo.
Rachel é escrava e mãe. Toda a sua vida foi de sofrimento,
primeiro pela clausura, depois por ver os seus filhos serem levados, um por um.
No dia em que é abolida a escravatura, Rachel sabe que é a sua oportunidade de
fugir (porque embora já não fossem escravos, tinham a obrigação de permanecer com
os seus anteriores donos, por mais 6 anos) e procurar os seus entes mais
queridos.
Parece-me que não é sequer possível imaginar o que será esta
demanda. Se seria difícil nos dias de hoje, com acesso a tanta informação,
imagine-se em 1834! Só mesmo uma força muito poderosa poderia fazer esta mulher
acreditar. E esta força chama-se amor!
Não achei as falas de Rachel fáceis de ler, porque retratam
a pessoa que é, iletrada e sem acesso a qualquer tipo de educação. No entanto, só
fazia sentido ser desta forma e, como tudo, ao fim de algum tempo, acostumei-me
e na segunda metade do livro já não me causava sequer estranheza.
Uma palavra para a tradução deste livro. Calculo que tenha
sido uma tarefa árdua, que foi concretizada de forma exemplar.
Este romance é tão bonito quanto a capa do livro, ainda que
toque em temas que são tudo menos bonitos. Ressalvar também os cenários onde se
passa a acção, senti a terra crua de Barbados e de Trindade, tudo muito bem
descrito. Um livro para ler devagar, degustar e louvar esta mãe incrível!
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