Terminei “Dançando sobre vidro” em lágrimas. Não sou muito de chorar com livros, mas este tocou-me profundamente. Isto porque a sua temática é muito dura e, principalmente, porque os acontecimentos no final do livro me apanharam de surpresa.
Temos aqui um amor quase impossível. Mickey sofre de doença
bipolar, com crises violentas e frequentes que o levam ao internamento (achei
estas partes muito bem representadas, francas e directas, perturbadoras). Já
Lucy tem sobre si o peso da doença que lhe levou a mãe, o cancro. Ela e as suas
irmãs sofrem e temem que a genética as condene. Mas o amor destas duas
personagens fala mais alto e, aceitando-se, casam.
A verdade é que a sua relação assenta em verdade e na
vontade de proteger o outro. Juntos irão lidar com várias crises de Mickey e
com a temida doença, quando esta bate à porta de Lucy. Iremos conhecer este
casal anos depois da recuperação de Lucy, numa altura em que já tinham decidido
não ter filhos, para não correrem riscos de passarem algum mal para o bebé. Mas
o destino prega-lhes nova partida, e Lucy, apesar de tudo, engravida. Mas não
têm tempo sequer de assimilar a novidade, porque o maldito cancro está de volta
também.
É aqui que todas as decisões são necessárias, porque gravidez
e tratamentos não são compatíveis. É um sofrimento contínuo até ao final do
livro, deixo o alerta!
A história é-nos contada a duas vozes, intercalada entre os
pensamentos do Mickey (várias vezes meio perdidos) e a acção relatada pela perspectiva
da Lucy. A dada altura entendi o rumo da narrativa e não me enganei (até
determinado ponto), mas tal não estragou nada na leitura. Até porque o final
ainda me reservava algo inesperado que me deixou de rastos.
É intenso, é emotivo, mas tem uma mensagem avassaladora. O
amor é, de facto, um sentimento muito poderoso. E lindo, quando vívido em
pleno.
Uma última palavra para o título, aparentemente estranho, mas
que faz tanto sentido nesta história. Simplesmente perfeito!
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