«Qual é afinal a função de um jornalista? Relatar os factos, contar uma história. Mas quando essas narrativas decorrem dentro de um hospital, em ambiente onde a saúde e o espírito estão mais vulneráveis, conseguirá o jornalista manter a isenção, o rigor, a imparcialidade que nos é imposta pela profissão, e não se deixar envolver, comover até, pelas vivências daqueles dias com cheiro a éter e tantas vezes pintados a lágrimas? Cláudia Pinto, a autora deste livro, passou anos pelos corredores dos hospitais: como jornalista; como familiar; como cuidadora; como pessoa que ama. É incrível ler a forma como ela relata estes casos - uns mais próximos, outros tão próximos. Não são meras reportagens: são testemunhos que o vão fazer chorar, rir, mas acima de tudo acreditar.Porque a Cláudia é defensora de que todos estes lutadores (alguns com apenas dias de vida) são heróis; porque todos eles, de uma forma ou outra, mostram-nos, ao longo destas páginas, que vale a pena lutar para ser feliz mesmo perante o cenário mais cinzento. Os doentes, os familiares e os amigos, relatam aqui os dias passados sem grandes planos acreditando que a própria vida já tem planos traçados e que acima de tudo vale a pena acreditar. Eu sou das que acreditam; acredito no sentido de missão do jornalismo. Que todos nós podemos fazer a diferença na vida de alguém, na nossa própria vida, ao partilhar estes exemplos inspiradores. Acredito que a Cláudia sentiu esta necessidade de olhar para lá da doença e trazer para livro, retratos que vão além do diagnóstico médico. As vinte histórias que vai ler passam-se no “intervalo da vida”. E prolongam-se para uma segunda parte, rumo à vitória. A vitória dos que amam.»
Fernanda Freitas, Jornalista
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