De quanto horror é capaz a humanidade? E como é possível esta capacidade do ser humano de impor sofrimento ao seu semelhante?
Sempre que leio livros sobre as atrocidades cometidas ao
longo do planeta, maioritariamente em cenários de guerra, fico muito incomodada.
Será que não há evolução na humanidade? Nem esperança?
Em “Erva” Keum Suk Gendry-Kim conta-nos a história verídica
de Ok-Sun Lee, uma mulher coreana que desde criança viveu em sofrimento.
Nascida numa família numerosa e pobre, os seus pais acharam que entregá-la
seria a forma de lhe dar um futuro. No entanto, as promessas de uma vida mais
tranquila rapidamente foram substítuidas por um dia-a-dia de trabalho forçado.
Que só veio a piorar quando Ok-Sun foi vendida e levada para a China para
servir numa casa de Conforto. Era o nome dado às casas onde estavam meninas
disponíveis para satisfazer os soldados chineses e japoneses.
Ok-Sun, à semelhança de tantas outras jovens foi abusada,
desrespeitada, mal tratada. Passou fome, privações, humilhações. E isto durante
anos. Foi a próprio que contou o seu passado à autora, o que torna tudo ainda mais
real.
É este retrato que Keum nos entrega através do seu traço tão
original. Se por vezes tem uma delicadeza sem fim, noutros é um traço duro e
forte, como são as cenas que retrata. Tudo tem o seu momento e esta autora sabe
criar impacto no leitor. O facto de ser totalmente a preto e branco também contribui
para esta percepção.
Se já tinha gostado (ainda que também me tenha incomodado!)
do seu livro anterior “A Espera”, este “Erva” foi muito mais pesado e
impactante para mim. Sem dúvida um livro importante, que permanecerá nas minhas
estantes para ser relido e sobre o qual falarei sempre que a ocasião o
permitir. Fica a forte recomendação!
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