Projecto World Book Tour - Chile

World Book Tour: este projecto teve início em 2017, inspirado no projecto original de Ann Morgan e pretende percorrer o mundo a ler autores de todas as nacionalidades. Em 2020 a viagem decorre do Chade à Croácia e, em Fevereiro, é a vez de aterrar no Chile.

Podem encontrar mais informação sobre este grupo aqui.
Porque acho o projecto muito giro e porque tive a honra de ser convidada a dar o meu contributo, aqui fica a minha visão sobre os autores Chilenos:

Sempre que penso simultaneamente no Chile e em Literatura, um nome surge-me de imediato: Isabel Allende. Uma grande referência da literatura mundial contemporânea, incontornável para mim e que a cada novo livro me enche a alma com o calor da América do Sul.
Mas são vários os autores conhecidos (e reconhecidos) provenientes deste país. Exemplos como Luís Sepúlveda (adoro as suas fábulas), Pablo Neruda (que poeta!) ou Roberto Bolaño são sobejamente conhecidos. Julgo que há um factor preponderante na sua realidade que define transversalmente sua escrita: a situação política que este país viveu. Não sendo a nossa realidade actual, é fácil sentir as diferenças que um regime fechado provoca nas pessoas. Isabel Allende ou Luís Sepúlveda têm muita crítica política nos seus livros, já que este é a sua ferramenta e usam-na de forma brilhante.
Muitos são os livros de Isabel Allende que poderia recomendar (na verdade todos, porque não houve um que tenha lido e não tenha gostado), mas “A Casa dos Espíritos” talvez seja o mais emblemático, já que é um livro repleto de história, de magia, de espíritos, de tristezas e alegrias, de amarguras e ódio, de ideais e amores. Neste livro a autora consegue colocar a vida de várias gerações e a história política de um país em pouco mais de 350 páginas.
A variedade de estilos que nos oferece é outro dos pontos que adoro nesta escritora, desde romances de família extremamente bem construídos, a histórias fantásticas como é o caso da trilogia “As Memórias da Águia e do Jaguar”, mais juvenis, mas que fazem as delícias dos adultos, passando por “Paula” um relato verdadeiro, onde conta a história da sua filha que morreu. Todos diferentes, mas todos intensos e deliciosos de ler.
Já Luís Sepúlveda, tendo também muito presente a componente política, tem uma série de fábulas que são simplesmente deliciosos. As edições portuguesas mais recentes são ilustradas (por Paulo Galindro) e a mensagem de cada uma delas é linda. Para miúdos e graúdos, cada um retém da história o que a sua realidade alcança, mas ninguém fica indiferente. Livros como “A História de uma Gaivota e do Gato que a Ensinou a Voar” ou “História do Caracol Que Descobriu a importância da Lentidão” (o que dizer destes títulos maravilhosos?) ou até um livro mais antigo do autor “O Velho Que Lia Romances de Amor” são livros para ler e reler. Apreciar, reter e disfrutar.
Existirão, certamente, outros autores chilenos dignos de nota e leitura atenta. Gostaria de conhecer, por exemplo, Roberto Bolaño ou Alejandro Zambra. Lá chegarei, assim tenha tempo para ler tudo o que gostaria…



Boas leituras!

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