Opinião... Flávio Capuleto * Inferno no Vaticano

Data Início: 01-02-2014 

Data Fim: 06-02-2014

AutorFlávio Capuleto
Título: Inferno no Vaticano
Editora: Guerra & Paz
ISBN: 9789897020926
N. Páginas: 280

Sinopse:
Há um morto nas catacumbas do Vaticano. Francesco Barocci, curador do Tesouro, é encontrado sem vida na Sala das Relíquias. Foi assassinado: chuparam-lhe o sangue. Há bispos e cardeais em pânico. Um português, o inspector Luís Borges, e uma simbologista, a escaldante Valeria Del Bosque, encarregam-se da investigação.
Um tesouro que todos conhecem e todos querem esconder, uma conspiração que ameaça o Papa, uma sociedade secreta que semeia as igrejas de cadáveres.
São estes os mistérios que o inspector e a simbologista têm de decifrar. Uma batalha cruel, florentina, com mais ouro e sexo do que incenso e mirra. 
 

Comentário:
Ao ler a sinopse deste livro fiquei ao mesmo tempo curiosa e apreensiva. Curiosa porque mistura religião, relações, erotismo e mistério. Apreensiva porque o tema da religião já foi por demais abordado na literatura recente (depois do sucesso de O Código Da Vinci, muitos livros sobre o tema se sucederam) e porque a mistura destes ingredientes podia dar um resultado estranho.
E confesso que no final desta leitura, pendo mais para o apreensiva...

Acho que Flávio Capuleto coloca o dedo na ferida e levanta questões neste livro que já passaram pela cabeça de muitas pessoas (a minha incluída!): Qual é o sentido de toda a riqueza da Igreja, quando existe tanta miséria? Qual é o sentido de apregoar o bem e a solidariedade quando não se dá o exemplo?
Existem duas facções na Igreja, uma conservadora e outra radical. E quando o segredo relativo à fortuna em toneladas de barras de ouro em posse da Igreja ameaça ser descoberto, uma série de assassinatos tentam "calar" este segredo. Mas o actual papa é apologista da distribuição da riqueza, seguindo os passos de Jesus que viveu uma vida simples e desprovida de luxos. Mas a facção radical é contra e insurge-se.
Paralelamente, Luís Borges é o investigador particular do papa e está em campo para averiguar os assassinatos ocorridos. Para o ajudar, conta com Valéria Del Bosque, simbologista famosa em Itália. E entre eles surge uma relação muito para além da profissional.

Achei a relação entre Luís e Valéria muito forçada e descontextualizada. O tratamento entre eles (inspector e doutoura) também não ajudou a criar o ambiente necessário. Considero que esta relação não trouxe mais valias ao livro.
Por outro lado, julgo que o tema principal, da posição da Igreja face à pobreza e à crise económica europeia deveria ter sido mais desenvolvida, porque a abordagem é muito interessante, mas falta-lhe alma e profundidade.

Uma nota final para o uso desmedido do verbo "arrostar".

Ainda assim, este livro levanta questões muito pertinentes e dá que pensar. E isso é muito importante!

Classificação: 6,5/10

4 comentários:

Leonor Gonçalves disse...

Ola
Concordo com a tua apreciação do livro.
Não havia necessidade de alguns excessos.
Em palavras e em cenas eróticas sem contexto.
LG

Clarinda disse...

Estou a começar de momento.
Vamos ver.
bj

Dulce disse...

Olá Maria João,
Concordo com a sua opinião.
Eu detestei o livro, pareceu-me uma "imitação barata" dos livros do JRS, que gosto imenso.
Bjs

Maria João disse...

Olá Dulce,
Eu já não tinha gostado deste livro, mas o seu mais recente romance "Corrupção" é ainda pior, na minha opinião. É pena, porque eu desejo muito que os escritores nacionais tenham destaque e sejam lidos, mas... Não consigo gostar...
Beijinhos