Cultura Geral... BookCrossing


Eu já tinha ouvido falar deste conceito, mas nunca o tinha aprofundado. O que posso dizer é que fiquei cheia de vontade de me registar e iniciar neste mundo depois de ter lido um pouco mais sobre o assunto!


O conceito de BookCrossing surgiu em 2001, mas foi alargado à escala mundial quando Ron Hornbaker, um sócio da Humankind systems, Inc. fez o lançamento da ideia, através da Internet.

Consiste na prática de deixar um livro num local público, para que outros o encontrem, o leiam, o voltem a libertar e assim sucessivamente. O conceito encontra-se definido desde Agosto de 2004 no Concise Oxford English Dictionary.



O objectivo dos membros do BookCrossing é transformar o mundo inteiro numa biblioteca. Para que isso se torne numa realidade, não se importam de libertar os seus livros em locais públicos (cafés, transportes públicos, paragens de autocarro, bancos de jardim e outros sítios que a imaginação ditar) para que o maior número de pessoas os possam ler, em vez de os manterem parados nas suas estantes. Desta forma, o acesso à cultura e especificamente à leitura torna-se verdadeiramente universal.

O conceito foi depois alargado ao mundo virtual, onde existe um site dedicado, no qual é possível numerar e seguir o percurso de cada livro. Este site já 
ganhou dois prémios Peoples' Voice atribuídos pela Webby Awards: o prémio para Best Community Website e o de Best Social/Networking Website.
Em Julho de 2007, Singapura tornou-se no primeiro país oficial do BookCrossing. Numa iniciativa com a colaboração da Biblioteca Nacional de Singapura, 2.000 locais receberam a designação de 'hotspots', algo semelhante a uma OBCZ (Official BookCrossing Zone ou Zona Oficial de BookCrossing).

Em Portugal, a primeira iniciativa relacionada aconteceu na Feira do Livro de Lisboa de 2009, existindo um pavilhão cujo principal objectivo era, não a venda, mas a troca de livros em várias línguas, numa parceria com a comunidade bookcrosser portuguesa. Com mais de 2.700 livros libertados durante um período de cerca de 3 semanas, esta iniciativa teve um imenso sucesso e fez com que o movimento fosse divulgado a nível nacional sem precedentes.


A 31 de Março de 2010 a comunidade internacional do BookCrossing contava já com 852.371 membros e 6.221.685 livros registados. Portugal é um dos 10 países do mundo com mais pessoas inscritas (mais de 11.900).



Para quem estiver interessado nos passos necessários para aderir a esta comunidade:

    Registar: para ser libertado, o livro tem de ser registado no site. Aquando do registo, é-lhe atribuído um número de identificação BCID (BookCrossing Identification) que permitirá ao "dono" original e aos que venham a dar entrada do livro posteriormente terem notícias da sua viagem pelo mundo. Este número deve ser escrito no livro, devendo ser também incluída alguma informação sobre o BookCrossing e os seus objectivos. Para este fim podem ser utilizadas etiquetas próprias.

   Libertar: depois é só avisar quando e em que parte da cidade se vai libertar o livro. O objectivo é que alguém o recolha e, através do seu número identificativo, aceda ao site e faça uma Journal Entry, dizendo que o encontrou. Isto não implica o registo na comunidade, porque pode ser feito anonimamente. No entanto, quem desejar usufruir em pleno do site (por exemplo, participar nos diversos fóruns, registar os seus próprios livros, etc.) terá de se inscrever. A inscrição é totalmente gratuita e anónima. O novo membro terá apenas de criar uma identidade virtual que o identificará sempre que fizer novos registos no site.

  Zonas Oficiais de BookCrossing: as OBCZ são espaços abertos ao público (tais como cafés, lojas, restaurantes, hotéis, escolas, bibliotecas, etc.) reconhecidos pelos membros do movimento como local de libertação de livros registados no BookCrossing, mediante autorização do gerente ou proprietário do estabelecimento. Por serem oficiais, estes locais possuem geralmente uma prateleira ou uma estante específica para os livros e encontram-se identificadas com cartazes alusivos ao movimento. É frequente esses espaços funcionarem também como ponto de encontro de bookcrossers.

A lista de locais em Portugal encontra-se no seguinte link: http://www.bookcrossing-portugal.com/listaoczs.htm

Existem ainda outras formas de partilha de livros entre os bookcrossers:

BookRings - empréstimo de um livro que, no fim da sua viagem, regressa ao seu dono original. É normal que os BookRings obedeçam a determinadas regras (tais como o prazo dado para se ler o livro, se se pode ou não sublinhá-lo, etc.), visto que se trata de uma espécie de empréstimo alargado a várias pessoas;

BookRays - o livro não volta a quem o lançou na sua viagem pelo mundo.

RABCKs (Random Act of BookCrossing Kindness) - são actos aleatórios de bondade, segundo o qual uma pessoa oferece um livro sem esperar nada em troca.
Estas formas de partilha são sempre anunciadas nos fóruns do site oficial e os livros são geralmente enviados por correio ou passados por mão própria. Desta forma, com o tempo, o BookCrossing tornou-se em algo mais que o mero conceito de libertar livros ao vento, para se tornar numa verdadeira comunidade virtual de troca de opiniões sobre os livros que cada um lê.
  Críticas
Como tantas outras iniciativas de partilha gratuita de bens intelectuais, o BookCrossing não escapou a críticas. O principal motivo das críticas negativas é o de que o movimento poderá reduzir os royalties dos escritores em todo o mundo.
Será então o BookCrossing ilegal, uma vez que os membros da comunidade lêem livros sem pagarem nada por eles? A contra-argumentação dos bookcrossers baseia-se no facto de que se o movimento é ilegal, também as bibliotecas o seriam.
De facto, ao contrário do que acontece, por exemplo, com a pirataria de músicas através de programas de partilha de ficheiros (em que cada música é copiada de computador para computador), tal não acontece com os livros, uma vez que estes não são fotocopiados nem reproduzidos sob qualquer outra forma. Existe um único livro, pelo qual já foram pagos direitos para fazer dele o que se quiser: guardar, emprestar, oferecer. O BookCrossing é assim visto como uma forma de oferecer livros. A única diferença é que são oferecidos a desconhecidos.
Para além disso, muitas pessoas afirmam que o BookCrossing as incentiva a comprar mais livros, tanto para ler e guardar (de autores que não conheciam e que descobriram precisamente por causa do movimento), como para organizar novas libertações, bookrings ou bookrays. Isto significa, portanto, que esta maneira de partilhar livros pode também contribuir para a divulgação dos autores e para a conquista de novos consumidores.


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