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Opinião... Maria Francisca Gama * A Filha da Louca

Depois de “A Cicatriz” as expectativas estavam elevadas com Maria Francisca Gama… É inevitável, não é?

Começando pelo final, não achei este livro tão impactante como o anterior, mas continuo a achar que Maria Francisca Gama sabe entregar uma história, que se torna, inevitavelmente, numa leitura compulsiva. As temáticas, a forma crua e dura como escreve e como conta a história, absorvem o leitor que só quer saber o que irá acontecer a seguir.

Quem nos conta esta narrativa é Matilde, a “filha da louca”. Uma jovem mulher que perdeu a mãe há 7 anos, depois de inúmeros episódios que revelavam o quanto a cabeça da sua mãe não estava bem.

A sua relação com o pai era bonita, e quando ele morre inesperadamente, o mundo de Matilde acaba por ruir, vendo-se só. Quando procurava um fato para vestir o pai para o seu funeral, Matilde encontra um documento que a leva a questionar se a mãe está realmente morta…

Vamos fazendo inúmeras viagens ao passado, numa família completamente desequilibrada e entendendo o quanto isso destabilizou a nossa personagem principal.

Temos aqui uma história de ficção, mas é fácil perceber que podia ser a realidade (e será, certamente) de muitas pessoas. A saúde mental é, sem dúvida, o ponto central da estabilidade de uma pessoa e da sua família. A sua ausência cria traumas e dores irreparáveis. E este livro consegue transmitir isso de forma sublime. Porque Matilde não é maltratada conscientemente, ela sente que é amada, na única forma que a mãe conhece de amar. Mas não é, de todo, a maneira certa e cria amarras...

Gostei muito deste livro, gosto que a autora tenha a capacidade de condensar uma história cheia de pormenores em poucas páginas, até porque sinto que se fosse um livro muito longo, seria demasiado duro de ler.

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