Opinião... Elisabete Martins de Oliveira * Onde as Garças Voam


Não posso deixar de começar por falar na capa e no título deste livro. Achei ambos incríveis, tendo despertado de imediato a minha curiosidade. “Onde as Garças Voam”? Onde? Porquê?

Se já queria conhecer a escrita de Elisabete Martins de Oliveira, que se estreou com “Um Muro e uma Cerca”, que ainda não li (ainda, atenção!), a curiosidade levou a melhor desta vez.

E ainda bem! Gostei muito deste livro, e foi, sem dúvida, um “abre-olhos”. Porque estas personagens passam por acontecimentos que não queremos acreditar que sejam possíveis de acontecer a qualquer um de nós, mas que são, no entanto, totalmente plausíveis!

Elisabete coloca esta personagens numa situação complicada e mostra-lhes um rumo, um caminho doloroso, mas, ainda assim, um caminho. E foi todo este desenvolvimento o que me fez gostar tanto deste livro. Isso e a escrita de Elisabete, simples, mas simultaneamente bonita e completa.

Matilde e Duarte são um casal de classe média, a residir numa vivenda em Lisboa, com dois filhos, a menina diagnosticada no espectro do autismo. Lutaram por uma vida mais confortável e conseguiram alcançar parte dos seus objectivos até ao dia em que Matilde perde grande parte da sua fonte de rendimento, logo seguida de Duarte. Este casal vê-se, de repente, sem fontes de rendimento e sem uma rede de apoio que os suporte neste momento mais difícil. E é a partir daí que começam a traçar planos imediatos dos passos a seguir para enfrentar esta crise, sempre com um objectivo em mente, fazer com que os seus filhos sejam o menos afectados possível.

É angustiante, acreditem! Principalmente quando é tão fácil colocarmo-nos nos seus sapatos e perceber que o que lhes aconteceu pode acontecer a qualquer pessoa, que a situação foge ao controlo muito rapidamente e as consequências são dramáticas.

Foi, por isso, uma leitura muito boa, mas que me deu que pensar. O que é sempre um objectivo concretizado numa obra com temáticas como esta. Resta-me agora ir ler o livro anterior da autora. Depois desta descoberta, não o posso, obviamente, dispensar.

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