Opinião... Naomi Williams * A Mulher da Ala 9

Um thriller diferente e bem desenhado? Temos! Que bom! Já sentia falta de algo assim!

A acção decorre num hospital psiquiátrico muito sinistro! Tudo é esquisito aqui, o local em si, as pessoas, os acontecimentos...

Emma é psicóloga e foi contratada para ajudar Laura a recuperar as suas memórias, depois de ter sido encontrada inanimada, coberta de sangue e sem se lembrar de nada do que aconteceu. Para isso tem 6 dias, mas os acontecimentos sucedem-se galopantes, dando-lhe uma sensação de impotência e desnorteio que passa para o leitor.

E não avanço com mais nada sobre a história porque o interessante é descobrir. Gostei bastante da escrita da autora, do ambiente que conseguiu recriar, com um propósito. E ainda que tenha idealizado o rumo dos acontecimentos, ainda fui surpreendida por um plot twist no final.

Se procuram uma leitura viciante e, a dada altura, impossível de largar, este é um bom livro para isso. Enervante também, atenção, dada a inércia de determinadas personagens, mas até isso contribuiu para ter gostado desta leitura, já diz o ditado, quem não sente não é filho de boa gente!

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Opinião... Jonathan Evison * É a Tua Vida, Harrret Chance!

Harriet Chance entra directamente para o lote de personagens idosas memoráveis. 

Jonathan Evison oferece-nos uma história muito bem construída, com um narrador muito peculiar. Ele fala directamente com a personagem, e ora dá conselhos ora ralha! É delicioso de acompanhar,

Harriet Chance tem 78 anos e perdeu o marido há pouco tempo. A acostumar-se a uma nova realidade, recebe uma chamada a dizer que foi vencedora de uma viagem de cruzeiro, que o seu marido tinha concorrido. Sentindo ser um sinal, Harriet decide ir, ainda que um tanto contrariada...

A viagem será também uma viagem interior, um entender de sentimentos e situações. Nós leitores, vamos fazer vários saltos temporais, conduzidos pelo narrador, para conhecer Harriet desde que nasceu e compor toda esta história.

Gosto particularmente destes vai e vem no tempo, que permitem desbravar a personagem e a ideia do narrador achei muito bem conseguida. 

Apesar de algum humor que se encontra nestas páginas, há temas fortes a ser abordados nas entrelinhas que me deixaram a pensar e que me fizeram gostar muito desta leitura.

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Opinião... Stephen King * Running Man - O Jogo de Sobrevivência

É inegável a qualidade da escrita de Stephen King. Como é que, em 1982, teve a capacidade de antevisão e escreveu uma história como esta?

Falo de "Running Man" um livro distópico, que nos retrata uma sociedade imaginada onde há claramente uma separação entre dois grupos. Os muito ricos e os muito pobres. Estes últimos, faltando-lhes trabalho e dinheiro para sobreviver, ficam sujeitos a participar nos jogos que os muito ricos idealizaram, como forma de entretenimento. A questão que se coloca é que estes jogos são de sobrevivência, acabando invariavelmente de uma maneira, já que quem manda manipula todos os acontecimentos a seu belo prazer...

Com o que não contavam era com Benjamin Richard (Ben), um homem que segue este rumo para salvar a filha bebé de uma pneumonia, e portanto, disposto a tudo.

Ben será convocado para o mais terrível dos jogos, aquele onde tem que sobreviver 30 dias pela cidade, podendo ser identificado e apanhado por qualquer cidadão, que tem uma contrapartida monetária se o identificar e outra, ainda maior, se o matar.

Começa então a caça ao homem. Mas Ben não é um homem qualquer. Vamos acompanhá-lo ao longo destes dias, às suas estratégias, ao seu desespero.

É um livro impressionante e viciante. Desde que o jogo começa, a acção é frenética e é praticamente impossível de pousar o livro. Stephen King mostra aqui, uma vez mais, porque é considerado um mestre. Que livraço! Adorei!

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Opinião... Lupano e Panaccione * Um Oceano de Amor

Pode uma novela gráfica sem palavras ser fantástica? Pode! "Um Oceano de Amor" é a prova. Um livro só de ilustrações que conta uma história de amor diferente, mas tão bonita! E reveste de sentido a máxima:  uma imagem vale mais que mil palavras!

Temos aqui um casal, diriamos, pouco convencional. Ele é pescador e começa mais um dia de labor igual a tantos outros. No entanto, o desfecho do dia será muito diferente, levando-o para outras paragens... A sua mulher, no auge da preocupação porque não o vê regressar, começa, também ela uma odisseia para o reencontro.

É uma ternura! Estas duas personagens são muito engraçadas, cada uma à sua maneira e mostram ao leitor o poder do amor, mesmo a um oceano de distância.

As ilustrações são sublimes. As expressões das personagens (vou ficar para sempre na memória com os olhos arregalados pelas lentes dos óculos de Monsieur!), os tons mais obscuros, o traço cativante. É tudo bom neste livro! Recomendo-o muito!

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Opinião... B. A. Paris * A Hóspede

B. A. Paris já me proporcionou boas horas de leitura, com thrillers viciantes e bem construídos. Este "A Hóspede" ainda que me tenha prendido a atenção, não me encheu as medidas e nem sei explicar concretamente porquê... Julgo que me faltou um factor surpresa diferente, ainda que não tenha antevisto o desfecho.

Íris e Gabriel são um casal a passar por algumas dificuldades, devido a acontecimentos trágicos que assolaram Gabriel. Numa tentativa de espairecer, decidem fazer uma viagem e, quando regressam, têm uma hóspede inesperada em casa. Laure é uma amiga que conheceram na lua de mel, junto com o seu marido, e a amizade foi sendo fortalecida ao longo dos anos, ao ponto de terem chaves da casa um dos outros.

Agora Laure está a enfrentar uma crise conjugal e refugiou-se aqui, mas, de repente, deixou de ser um pedido de ajuda, para ser uma hóspede pouco temporária e muito incómoda. Algumas situações anómalas vêem ainda revestir a situação de uma carga dificil de digerir para este casal.

Como referi no início, ainda que tenha lido com interesse, não consigo ficar entusiasmada com o todo. Achei tudo coerente, mas faltou-me algo, a que esta autora já me habituou em livros anteriores. É pena...

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Opinião... Bea Lema * Corpo de Cristo

Descobri este livro no Festival de Banda Desenhada da Amadora deste ano, uma vez que era um dos livros representados nas exposições. E foi, sem dúvida, uma mais valia, antes da sua leitura. Porquê? Porque o livro tem várias páginas cujo desenho foi bordado, e embora sejam belíssimos, não transmitem tudo o que na verdade a obra é. Os originais estavam expostos e eram magníficos (alías, foi a minha exposição preferida deste ano!).

Bea Lema recorreu a esta arte para contar uma história pesada, relacionada com saúde mental da sua própria mãe. Ela viveu num ambiente diferente desde cedo, com as inúmeras crises que a mãe viveu e, ela, obviamente também. Recorrendo a inúmeras entidades (até exorcismos!), de tudo fizeram para que melhorasse, sem grandes sucessos.

É este dia a dia que vamos encontrar retratado nesta novela gráfica que se pauta pela originalidade na forma de desenhar. O traço é bastante simples, quando desenhado, mas tem a capacidade de transmitir todas as emoções pretendidas.

Gostei muito da história, da abordagem (sem dramatismos), do uso dos bordados (também eles diferenciados, consoante o momento da narrativa que representam) e das cores. Uma novela gráfica marcante!

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Opinião... Tatiana Salem Levy * Vista Chinesa

Tive a oportunidade de ouvir Tatiana Salem Levy falar na Feira do Livro de Coimbra, e fiquei muito interessada nos seus livros. Na altura o primeiro na lista dos que quero ler, seria "A Chave de Casa" pela temática, mas depois de ouvir Tânia Ganho sugerir a leitura deste "Vista Chinesa" acabei por o ler primeiro.

Um livro muito duro, sem dúvida, mas que trata um tema pesado de forma respeitosa, colocando aqui várias questões muito pertinentes. O tema central é uma violação de que a protagonista é alvo logo no início do livro. Segue-se todo o peso que esta tragédia acarreta para a vida dela, incluíndo as dúvidas na hora de identificar o criminoso, já que foi vivido num momento de desespero, que poderá levar a alguma falta de discernimento.

São estes os dois pontos fulcrais abordados neste livro, a violação que esta mulher sofre e o peso da responsabilidade que se segue.

A autora viveu esta situação de perto, porque terá acontecido a uma amiga próxima que quis que os acontecimentos fossem relatados em livro. Ao pesquisar sobre o assunto, Tatiana encontrou inúmeras referências a pessoas presas, mas inocentes. Tentou então explorar as duas temáticas, que resultaram num livro extremamente interessante e bem escrito.

Um senão, para mim, prende-se apenas com o português do Brasil. Por motivos óbvios não houve tradução. Compreendo, mas acaba por me perturbar um pouco a leitura. Algo que preciso de ultrapassar e que em nada tira valor ao livro!

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Opinião... Alix Garin * Impenetrável

Este livro é um soco no estômago do leitor pela honestidade e frontalidade com que foi escrito. É, sem dúvida, um livro muito pessoal e, como tal, muito corajoso, que nos fala de um tema de saúde que afectou a vida da autora, o vaginismo.

Alix Garin tem um traço muito peculiar, que assenta na perfeição nesta narrativa. Embora os linhas sejam simples, tem tudo o que a história precisa para a tornar impactante.

Existem inúmeras páginas desta novela gráfica que contrariam a lógica tradicional do quadradinho e que são deliciosas de se explorar. Adorei também a escolha das cores, que completaram o desenho em tudo o que era necessário.

Quanto à narrativa, a autora sofreu desta doença, provavelmente provocada por traumas passados, mas permite-nos percorrer este caminho de descoberta com ela, de forma muito honesta. Ela fala-nos das inúmeras especialidades a que recorreu até ao diagnóstico, das fases de terapia, da relação com o namorado, muitas vezes posta à prova, dos seus desejos e vontades.

Gostei muito deste livro, e sinto que poderá ser um livro importante para quem tenha histórias semelhantes e quem sabe, de alguma forma, um apoio e um guia.

Uma nota final para as referências ao livro anterior da autora "Não me Esqueças", que eu tanto gostei e que adorei ver aqui novamente.

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Opinião... Evie Woods * A Misteriosa Padaria na Rue de Paris

Começo pelo fim, dizendo que gosto muito da escrita de Evie Woods. Depois de "A Livraria Perdida" que me deliciou, chegou a vez deste "A Misteriosa Padaria na Rue de Paris". Que continua a ter todos os ingredientes que me deliciam: boas personagens, uma história bonita e moralmente positiva e um toque de magia na quantidade perfeita.

Edith passou a sua vida com a mãe doente. Desde nova que tem consciência que a doença da mãe a irá levar cedo da sua vida, pelo que toma a decisão de estar sempre com ela, enquanto pode.

Agora que a mãe faleceu, Edith sente que precisa de ganhar asas e voar. Para tal acaba por aceitar um emprego em França, na Rue de Paris, tudo o que sempre sonhou. Viajar da Irlanda para França e cumprir um sonho.

O que ela não esperava é que a Rue de Paris não ficasse em Paris, e que a patroa fosse uma pessoa muito pouco afável... Mas Edith é resiliente e a sua persistência trarão frutos!

É um romance muito bonito, que me deliciou ler. Edith é uma personagem cativante, bonita por dentro e que queremos muito que termine bem. Toda a história em redor desta padaria é igualmente interessante e a conclusão da história, ainda que não tenha sido inesperada, foi a certa para deixar o leitor saciado.

Evie Wood é uma autora que irei certamente continuar a acompanhar. Gosto muito do estilo dela!

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Opinião... Deidra Duncan * Doentes de Amor

Chamada para os fãs de Anatomia de Grey! Aqui está um romance fofinho, com dois jovens simpáticos e amorosos, que são, nada mais nada menos, que internos de um hospital na especialidade de obstetrícia.

Um ponto fundamental neste tipo de romances é termos duas personagens que, ao primeiro impacto, se odeiam, para depois, progressivamente irem percebendo que nem sempre as primeiras impressões são as mais acertadas.

Foi o caso de Saphire Grace e de Julian, uma antipatia quase visceral, que foi dando lugar a uma interajuda bonita. Isto porque, graças ao seu nome, Grace foi alvo de rumores ainda antes de ter entrado no hospital, que lhe abalaram em muito a confiança e as possibilidades de progressão. Julian acabou por se revelar um colega incrível, apoiando-a e defendendo-a e é fácil perceber para onde segue a história...

É um romance fofo, com personagens de quem gostamos de gostar, que proporciona bons momentos de descontração. Um livro que me soube muito bem ler, numa altura em que o cérebro estava mais cansado!

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Opinião... Thrity Umrigar * O Canto dos Corações Rebeldes

Que história esta... Ser mulher e ler a história de vida de Meena e de Smita impressiona e incomoda.

Toda a narrativa parte de uma notícia no jornal, de um homem que terá morrido queimado na Índia. A sua mulher sofreu graves ferimentos ao tentar salvá-lo, e esta mulher é Meena. Os causadores deste crime foram os irmãos de Meena e a razão foi única e exclusivamente porque Meena, muçulmana, ousou casar com um homem hindu.

Na opinião dos irmãos, Meena estaria a ir contra as raízes da sua cultura, ao misturar estas duas religiões e tudo culminou na perda de vida do marido e na destruição da vida da própria Meena.

Smita é jornalista e retorna à Índia a pedido de uma grande amiga que estava a fazer a cobertura deste caso, quando sofreu um grave acidente que a levou ao hospital por tempo indeterminado. Smita nasceu na Índia, mas a vida encaminhou-a para os EUA, com a sua família. Só um motivo muito forte a faria retornar e enfrentar todos os fantasmas do seu passado.

Vamos então acompanhar as duas histórias em simultâneo. Por um lado conhecer o nascimento da relação bonita de Meena e tudo o que se sucedeu, acompanhando também o julgamento e, por outro lado, vamos conhecer a história de Smita, igualmente impactante.

Este livro está muito bem escrito, num balanço equilibrado entre a devida importância dos acontecimentos, mas sem demasiado alarido. Com um testemunho de amor e outro de ódio que infelizmente conseguiu sair vitorioso...

Senti nas entranhas o quanto ser mulher vale de nada na Índia, mesmo nos dias de hoje. É realmente chocante e histórias destas nunca são demais, para que se saiba e seja possível evoluir. Infelizmente ainda estamos muito longe de uma realidade equilibrada por todo o planeta.

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Opinião... Sophie Kinsella * Como É Sentir Isto

 Que murro no estômago! Aviso desde já que este livro é pequeno, mas nada tem de leve!

Mais ainda sabendo que, embora seja um livro de ficção, tem por base a vida da própria autora, que sofreu um enorme revés no seu caminho, no dia em que descobriu um tumor no cérebro e que soube que a esperança média de vida é reduzida.

Face a este diagnóstico, o mais expectável é baixar os braços e chorar. Mas Sophie Kinsella deve ser uma força da natureza e isso reflecte-se quer na sua escrita, como na sua vida. Dois anos depois e contra as expectativas, continua a sua vida e até escreveu este livro. É impressionante!

Nesta história iremos conhecer Eve, uma mulher que se torna escritora e que alcança um sucesso inesperado, sentindo-se de bem com a vida, feliz nas suas várias vertentes, quer familiares (casada com cinco filhos), quer profissional. 

Até ao dia... em que acorda numa cama de hospital, sem saber quem é ou o que lhe aconteceu... Neste livro iremos acompanhar todo o processo de recuperação, com uma mensagem de esperança absolutamente fantástica!

Realmente a postura do ser humano face à adversidade é metade do caminho para a sua resolução!

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Opinião... Dorothy Koomson * Ele é Meu

Dorothy Koomson é um contadora de histórias, sejam elas românticas ou de acção. E isso é o que eu mais aprecio nela, a forma como cria as suas personagens, como lhes dá vida e camadas!

"Ele é Meu" é o seu último livro e oferece-nos a história de duas personagens em paralelo: por uma lado temos a Robin, a mulher que todos procuram depois de ter cometido vários crimes. O mote? O seu passado, todas estas pessoas assassinadas estiveram, de alguma forma, ligadas ao seu passado que foi tudo menos simples. 

Os investigadores sabem as razões e sabem também quem Robin procura, quando deixa um bilhete em cada corpo a dizer "Ele é Meu", mas não a conseguem encontrar. Por isso recorrem à Dra. Kez, uma psicologa especialista em comportamento humano. Mas Kez, pretende ajudar Robin e salvá-la da desgraça e do vazio que a espera se conseguir concretizar os seus intentos, entrando também ela em confronto com os investigadores.

Temos aqui uma teia bem urdida, com duas mulheres fortes, cada uma à sua maneira, que me proporcionou bons momentos de leitura e ainda me reservou uma surpresa no final.

A escrita de Dorothy Koomson é muito apelativa, sempre que entro nos seus enredos, sinto-me de imediato sugada para a história e adoro essa sensação!

Ainda assim, continuo a gostar um bocadinho mais dos seus romances do que dos seus thrillers e, confesso, já tenho saudades deles...

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Opinião... Tânia Silva Borges * Metades de Mim

Tânia Silva Borges é uma nova autora portuguesa. A primeira coisa que me chamou a atenção no seu livro foi a qualidade da escrita. Madura e cuidada, não parece um primeiro livro...

Fiquei agradavelmente surpreendida desde a primeira página, que me cativou para as personagens e para a sua narrativa.

Aqui iremos conhecer Marta, uma mulher como tantas outras, que vive actualmente um divórcio. Um evento tão impactante coloca tudo em causa, as opções actuais e as passadas. E é isso que Marta faz constantemente. Mas não é só a relação agora terminada que a incomoda, ela vai mais atrás na sua vida e coloca em causa todas as suas escolhas.

Os eternos "e ses" da vida. Sempre que tomamos uma decisão, com ela vem a dúvida do que teria sido o percurso caso a escolha recaísse noutra opção. 

Para a ajudar a desembrulhar o cérebro, Marta conta sempre com Raquel, aquela amiga meio louca, que nunca falha e que a conhece como ninguém, tocando na ferida quando é preciso, mas sempre atenta aos sinais e pronta para ajudar (adorei esta personagem!).

Temos aqui um livro sobre escolhas, sobre reflexões e sobre o peso das decisões.

Na minha opinião o livro tem apenas um ponto que quebrou um pouco o ritmo de leitura. A Marta recorda regularmente o passado (quem não?), no entanto, a opção que a autora escolheu para estas viagens ao passado foram sempre utilizando o mesmo registo. A Marta chega a um local ou depara-se com determinada situação e relembra algo. Na verdade é assim que nos acontece, associamos locais e situações a memórias passadas, mas em termos de literatura, senti que havia aqui uma repetição do recurso que acabei por achar um pouco cansativo. 

Nada que tire qualidade à história e à escrita de que gostei muito. Espero sinceramente que seja o primeiro de muitos livros da autora! Cá estarei para os ler!

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Opinião... Samantha Hayes "A Mãe da Noiva"

Lizzie e Owen são os protagonistas deste livro. Mas quem dá título ao livro é Sylvia, a mãe de Lizzie, uma mulher controladora, que de forma subtil (ou não), tenta que tudo seja feito à sua maneira. Para agravar ainda mais a situação, Lizzie desconfia que a morte do noivo da sua irmã, no dia do próprio casamento, não foi obra do acaso...

Por isso mesmo, faz de tudo para manter a mãe afastada da sua vida, no entanto, as circunstâncias acabam por quase obrigá-la a ir para junto dela. E para agravar ainda mais a situação, Owen, que desconhece os antecedentes, parece encantado com Sylvia, fomentando a temível aproximação...

Esta é a premissa deste thriller, Lizzie quer manter a mãe longe da sua vida, já que acha que ela poderá fazer mal a Owen. As razões para tal, iremos descobrir ao longo da leitura...

Depois de ter gostado bastante do "A Governanta", que conseguiu apanhar-me de surpresa, este "A Mãe da Noiva" tornou-se bastante previsível quase desde início, o que me tirou parte do entusiasmo com a leitura. É um livro que se lê muito bem, e que, no seu género, está bem escrito, mas, na minha opinião, uma informação foi entregue cedo demais, deveria ter ficado reservada para mais tarde.

Literalmente no final, o livro ainda nos reserva uma pequena surpresa, contudo não foi suficiente para compensar o pouco impacto das revelações anteriores.

De qualquer forma, Samantha Hayes é uma autora que pretende continuar a acompanhar, porque gosto bastante das personagens que cria e dos enredos em que as envolve.

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Opinião... Bonnie Garmus * Lições de Química

Como resistir a esta capa? Adoro a forma viva como chama a atenção! Mas nem só de uma capa vive um livro e este provou que o conteúdo pode acompanhar o entusiasmo inicial, porque a verdade é que gostei muito desta leitura.

Elizabeth é a personagem principal e que personagem! Numa época em que o lugar das mulheres estava circunscrito ao cuidado do lar, Elizabeth ousou ser química no meio de homens. Obviamente que teve de travar duras batalhas, muitas delas perdidas.

Os anos passam e voltamos a encontrá-la, desta feita mãe de uma menina e a enfrentar um dilema, já que a convidaram para fazer um programa televisivo, mas de culinária, porque a fama precede-a de que ela aplica a química na cozinha com resultados surpreendentes. No entanto, ela sente quase como um insulto fazer este programa, quando o que quer é falar de química… Mas a necessidade de sustento da sua filha assim a obriga.

É este caminho que vamos acompanhar, juntamente com viagens ao passado para descobrir o que aconteceu e a trouxe a esta situação.

Gostei muito da forma como este livro está escrito e da força que a autora conseguiu incutir a esta personagem, tão rica e tão à frente do seu tempo. A estrutura da narrativa também contribuiu para o entusiasmo porque tanto o passado como o presente são igualmente interessantes e com uma mensagem muito importante!

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Opinião... Fredrik Backman * Os Meus Amigos

O que eu gosto de Fredrik Backman! Este autor nunca me falha, é incrível… E sempre que pego num novo livro para ler, relembro o quanto gosto da sua escrita única, o quanto me transmite conforto e deleite.

“Os Meus Amigos” é uma ode à amizade. Uma história difícil, que desde início percebemos que não correu bem, mas que queremos muito descobrir.

Na actualidade, Louisa, uma rapariga órfã e sem abrigo, infiltra-se numa exposição de arte, porque precisa de ver ao vivo uma determinada obra. As razões desta necessidade são muito mais profundas que um capricho e o destino terá querido recompensar Louisa, oferecendo-lhe um encontro com o artista que pintou o dito quadro, de uma forma muito inesperada…

É daqui que esta história se desenvolve, e nos permite conhecer este artista e os seus amigos. O que cada um representou para o outro e de que forma esta amizade os definiu como pessoas.

Que grande história, tão bem contada. Que livro bonito este. Não consigo comparar o estilo de escrita de Fredrik Backman a mais nenhum escritor, pelo seu sentido de humor, pela forma como brinca com as palavras, como constrói cada frase de forma intencional e cativante. A quem ainda não o leu, fica aqui a minha recomendação!

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Opinião... Rita da Nova * As Coisas Que Faltam

Esta é a terceira viagem que faço com Rita da Nova, ainda que tenha sido o primeiro livro que a autora publicou. E veio reforçar a minha opinião sobre a sua escrita, a Rita sabe contar uma história, de forma cativante e com impacto imediato.

Em “As Coisas Que Faltam” apresenta-nos Ana Luís, uma jovem mulher marcada pela vida. Desde sempre viveu com a mãe, que nunca lhe deixou faltar nada, mas que, no entanto, nunca lhe deu carinho. Não conhece o pai e, cada vez que perguntou por ele, a conversa foi de imediato interrompida. Há ainda o padrasto Fernando, que sempre a tratou bem, mas que nunca conseguiu substituir a ausência paterna.

Ao longo da narrativa, que se vai desenrolando em momentos diferentes da vida de Ana Luís, vamos percebendo quem é esta mãe, bem como o quanto a vida a moldou a ser o que é. No fundo, percebemos o que é esta forma de amor baseada no sofrimento, que acaba por se repetir em movimentos cíclicos.

Trata-se de uma história sofrida, bastante dura, contada com uma delicadeza bonita, sem entrar em sentimentalismos. Ana Luís é alguém com quem é fácil o leitor se identificar, já que vive tudo à flor da pele, os sentimentos são claros e genuínos, o que me fez gostar muito dela.

Rita da Nova é, sem dúvida, uma autora que vou continuar a acompanhar, com livros de temáticas tão diferentes, mas todos eles tão bem escritos e cativantes.

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Opinião... Jesse Q. Sutanto * Conselhos Não Solicitados de Vera Wong para Assassínos

Este livro não foi a minha estreia com Jesse Q. Sutanto, e o que me ficou presente dos livros anteriores foi o quanto me diverti a lê-los. Ia, portanto, com essa expectativa para esta leitura, para mais quando temos um título como "Conselhos Não Solicitados de Vera Wong para Assassinos". É logo um bom ponto de partida!

No entanto, este livro ficou bastante aquém do que esperava. Ainda que Vera Wong seja uma personagem caricata e divertida, a história no seu todo não teve o poder de me convencer. Porque não é séria o suficiente para a considerar como um romance sério, mas também não tem situações caricatas que puxem o lado divertido o suficiente...

Vera Wong é uma senhora idosa, mãe de um adulto que ela acha que ainda deve acompanhar a cada passo. Ainda que seja ignorada constantemente, não desiste e telefone repetidamente, ora para que ele se levante, ora para que coma, ora para que arranje uma namorada, que já é tempo. 

Ela tem um salão de chá que já conheceu melhores dias e mais clientes, certo dia encontra um corpo dentro do salão. Rapidamente põe em prática o que aprendeu em séries televisivas, para desespero da policia que chega depois.

Confrontada com a realidade de que a polícia não considerou o caso um homicídio

, Vera decide investigar pelos seus próprios meios e, como é óbvio, instalar a confusão!

O livro tem os ingredientes certos para este tipo de leitura, e Vera Wong é uma personagem engraçada. Mas no computo geral, na minha opinião, não resultou. Não senti um início que me levasse logo por um caminho de comédia e que tal me acompanhasse ao longo de toda a leitura. 

O que é uma pena, já que tal foi muito bem conseguido, noutros livros da autora.

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Opinião... Ruth Ware * Um Casal Perfeito

 Ruth Ware já nos ofereceu vários thrillers viciantes e empolgantes. Desta vez escolheu como temática um reality show que pretende levar os concorrentes (casais) para uma ilha paridisiaca. O que depois acontecerá naquele local, poucos sabem, já que até os concorrentes estão privados desta informação. Mas o valor do prémio e, principalmente, a expectativa de notoriedade falam mais alto...

O programa televisivo chamar-se-á Casal Perfeito, ainda que este casal possa não ser, necessariamente, um casal que se inscreveu em conjunto, mas antes dois elementos de dois casais diferentes. Logo aqui começam as questões em torno na moral deste programa. Ainda assim, ninguém desiste, já que a ambição é grande.

Lyla e Nico são um dos casais participantes e será através deles que iremos acompanhar os desenvolvimentos. Enquanto Nico ambiciona ser actor e procura a dita notoriedade, Lyla é cientista e este é o último local onde se imagina. No entanto, para permitir que Nico participe têm que ir os dois e ela acaba por aceitar, tendo como plano ser uma das primeiras pessoas expulsas.

Obviamente que o destino lhes vai trocar as voltas e quando uma tempestade assola a ilha, modificando toda a realidade, já são só 9 participantes, já que Nico foi o primeiro expulso! Lyla vê-se na pior situação possível, presa numa ilha com estranhos, a lidar com situações extremas, a lutar pela sua sobrevivência.

Eu diria que este livro, mais do que um thriller, é um livro sobre a natureza humana e a forma como reage face a situações inesperadas e agrestes. O melhor e o pior do ser humano vem ao de cima e ninguém fica a salvo...

Gostei muito deste livro, achei-o empolgante e, quando a realidade chamava por mim, não me apetecia parar de ler. Esta autora voltou a provar que sabe escrever uma história que perturba e, ao mesmo tempo, cativa!

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Opinião... Nanako Hanada * Confissões de uma Livreira

"Confissões de uma Livreira" trás-nos uma história na primeira pessoa, que me pareceu ser autobiográfica.

Nanako separa-se do seu marido e vê-se, de repente, isolada do mundo, sem amigos próximos. Decide então inscrever-se numa aplicação de encontros (não necessariamente amorosos), com o intuito de conviver com outras pessoas. Mas para ser aliciante seleccioná-la para os encontros programados de 30 minutos, em locais públicos, Nanako decide oferecer ao seu interlocutor uma sugestão de livro para ler.

Depois de alguns percalços iniciais, rapidamente irá ficar conhecida nesta aplicação, encontrando-se com inúmeras pessoas, homens e mulheres. O que ela oferece é valorizado e torna-se bastante famosa naquele núcleo.

Ao mesmo tempo, começa a trabalhar numa livraria, o seu universo. Ainda que não seja a vida perfeita, Nanako consegue enfrentar a dura realidade em que se encontrava e tentar fazer melhor por si e pelos que a rodeiam.

Senti que ia gostando mais deste livro a cada página. Obviamente que, pelo facto de nos falar sobre livros, tinha logo um ponto garantido, mas o início foi um pouco mais parado, menos emocionante. Mas a autora teve a capacidade de me cativar e terminei o livro com vontade que continuasse. Sem vontade de me separar desta história.

Este foi uma daquelas leituras que me deu vontade de abraçar o livro, na impossibilidade de o fazer directamente à autora. E ainda que a maioria dos livros que ela sugere não estejam traduzidos no nosso país, encontrei um, na listagem final, onde Nanako sugere leituras a nós, seus leitores, que já li e gostei muito. Foi a cereja no topo do bolo!

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Opinião... JeanLouis Tripp * O Meu Irmão

Que livro incrível este! JeanLouis Tripp oferece-nos uma novela gráfica intensa, dorida, mas maravilhosa!

Baseada na sua história real de vida é centrada num acontecimento marcante já que quando tinha 18 anos perdeu o seu irmão de 11 anos num trágico acidente que viria a marcar a vida de toda a família para sempre. O sentimento de culpa irá acompanhá-lo sempre e é palpável ao longo destas páginas.

A forma como a história é contada e desenhada (pela mão magistral de Tripp) deixa o coração do leitor em frangalhos. Toda a cena do acidente é muito dura de assistir, os dias seguintes, uma dor. Todo o velório e funeral, é impossível colocar em palavras o que cada ilustração transmite. 

Mas temos também o depois, o imediato e o longo prazo. JeanLouis Tripp teve que seguir em frente, com este peso sempre presente, é certo. No entanto, acaba por nos revelar que também teve alegrias na vida, muito devido aos seus livros e ilustrações.

Porque a vida tem que continuar. E este livro é um ode a este irmão que partiu cedo demais. Um livro belíssimo, triste, comovente.

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Opinião... Laura Esquivel * O Meu Negro Passado

Descobri os livros de Laura Esquivel há tantos anos que já lhes perdi a conta, com o seu "Como Água Para Chocolate". Livro este que viria a tornar-se o primeiro de uma trilogia, com "O Diário de Tita" e este "O Meu Negro Passado".

Gosto muito da escrita de Laura Esquivel, assim como gosto muito do seu "tom mexicano", que tanto transparece nas suas palavras. As personagens são ricas e memoráveis, e Maria e Horácio não serão excepção...

Maria é casada e tudo lhe corre bem, até ao dia em que dá à luz um menino negro. Sendo ela e o marido brancos, a conclusão é imediata e clara. Maria traiu.

Ela sabe que não e não aceita a forma como ela e o filho são, de repente, ostracizados por todos, principalmente pelo marido! Quase em simultaneo a sua mãe morre e durante o velório, surge a avó Lucia, de quem ela e os irmãos poucas memórias têm, visto que avó e mãe cortaram laços.

Se os irmãos têm uma atitude ríspida com a avó, Maria, talvez pela situação de fragilidade em que se encontra, acaba por falar com ela e deixar-se convencer a ir para o rancho onde a avó vive.

Será lá que Maria vai descobrir as suas raízes, que justificarão a cor de pele do seu adorado filho Horácio. 

Gostei muito desta história, ainda que sinta que podia ter sido mais desenvolvida. Laura Esquivel podia ter permitido que nos embrenhassemos mais na narrativa, com maior detalhe e por um período de tempo maior. Soube-me a pouco, confesso. Mas o tempo que passei a ler estas páginas foi delicioso, numa visita à cultura mexicana que tanto aprecio.

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Opinião... Emily Henry * Lugar Feliz

Que me perdoem os fãs de Emily Henry, mas este livro não é para mim... Não consegui achar a história interessante, as personagens não me cativaram e passei o livro todo à espera de algo que me fizesse mudar a opinião inicial de que nada se passa... Não encontrei.

Temos aqui um grupo de amigos dos tempos da escola. Um grupo que sempre foi muito unido, ainda que actualmente, vivam em locais diferentes e só se encontrem de vez em quando. Neste grupo há um casal, Harriet e Wyan. Ou melhor, havia... Mas nenhum dos amigos sabe, e agora que todos combinaram encontrar-se é altura de contarem a verdade.

O que eles não esperavam é que a amiga abastada que lhes oferece a casa para o encontro tivesse planos para as férias. Planos esses que culminam com o casamento dela!

De repente Harriet e Wyan percebem que não podem dizer a verdade e ensombrar os dias que a amiga pretende que sejam perfeitos. Resta-lhes fingir que tudo está bem...

E temos o mote clássico de um bom romance romântico. No entanto, na minha opinião, faltou-lhe alma e capacidade de me prender. A acção desenrola-se muito devagar e nada surpreende, com muita pena minha, que já li outros livros da autora e gostei, pelo que levava as expectativas para uma leitura ao mesmo nível dos anteriores. Não aconteceu...

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Opinião... Joël Dicker * Uma Catastrófica Visita ao Zoo

Joël Dicker aventura-se aqui com um registo completamente diferente daquele a que nos habituou. O autor explica, no final do livro, que sente que cada vez mais as pessoas estão afastadas umas das outras, principalmente entre gerações e procurou criar uma história que fosse interessante para todas as idades.

E conseguiu!

Contado na primeira pessoa, pela voz de uma menina que frequenta uma escola para crianças especiais, iremos perceber que série de catástrofes ocorreram, em sequência e que culminaram na catastrófica visita ao zoo que dá título ao livro.

Fazendo lembrar o efeito borboleta, o autor utilizou este registo com algum humor associado, para lançar várias temáticas: inclusão, relações entre pais e filhos ou até política. Desta forma, permite a cada idade que o leio interpretar de acordo com as suas capacidades e cria, em simultâneo, um bom ponto de partida para discussões sobre os temas.

Um livro simples mas bem conseguido, com uma escrita acessível e ainda assim, com bom conteúdo. Parece-me que, seja o que for a que se proponha escrever, Joël Dicker consegue sempre cumprir o seu objectivo!

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Opinião... Smalltung * Um Dia Voltaremos a Encontrar-nos

De regresso ao mangá! Desta vez com um livro de várias pequenas histórias, cujo denominador comum são as mulheres e as relações entre elas, sejam amorosas ou não.

Gostei particularmente desta mensagem bonita de apoio entre mulheres que o livro transmite. Gostei igualmente do traço simples, bonito e delicado, que não costumo encontrar noutro tipo de mangás.

As histórias são simples, de situações particulares, quase um flash na vida de cada uma das personagens que o compõem. Se por um lado, está bem feito e criado, por outro, na minha opinião, é o que acaba por me fazer sentir que sabe a pouco. Precisava de mais tempo e enquadramento com estas personagens para me apegar a elas e sentir o livro na sua plenitude.

Não é uma questão específica com este livro, sinto o mesmo quando leio, por exemplo, livros de contos. 

O facto da autora ser de Hong Kong confere uma cultura e realidade diferente que também gostei de sentir nestas histórias.

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Opinião... Eloy Moreno * Terra

Quando este livro foi publicado em Portugal, em 2022, ficou de imediato na minha wishlist. Confesso que não sabia a temática central, mas acreditei estar relacionada com ecologia.

E de facto está, mas da maneira menos esperada, para mim. Isto porque a história base desta obra está centrada num reality show que pretende levar 8 participantes (quatro homens e quatro mulheres) para.... Marte! Numa viagem só de ida, já que o planeta não tem as infraestruturas para lançar um foguetão.

Só por esta circunstância, percebe-se logo todas as questões que se colocam em redor desta programa televisivo. E é apenas a ponta do iceberg...

"Terra" é um livro que coloca em cima da mesa inúmeros temas, meio dissimulados atrás deste reality show, colocando a nu, por exemplo, o quanto do que vemos na caixinha mágica é verdadeiro e quanto é fabricado em prol das audiências, que geram a publicidade que faz a máquina girar.

Gostei muito desta leitura, e embora ache a escrita extremamente simples (por vezes até demais), o contexto e a forma inteligente como passa a mensagem têm muito maior peso nesta minha apreciação.

Não se deixem intimidar pelo tamanho, porque a leitura é rápida e não apetece parar de ler! E no final, fica a mensagem e o quanto deixa o leitor a pensar!

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Opinião... Aurora Venturini * As Primas

Yuna é a narradora deste livro. Escrito na primeira pessoa, retrata-nos a vida vista por esta jovem que tem um certo grau de deficiência. Por isso o seu discurso é simples, com recurso, muitas vezes, a um dicionário para a ajudar a exprimir-se.

E este esforço de Yuna é recompensado, com o passar do tempo, tornando-a mais independente e confiante nas suas capacidades. E este foi, sem dúvida, o ponto alto deste livro para mim.

Porque a história que nos conta mais me fez lembrar uma câmara de horrores, já que todos os membros jovens desta família têm algum grau de deficiência e os acontecimentos trágicos sucedem-se.

Concluída a leitura, não estou certa do que sentir em relação ao livro, já que não me consegui conectar com nenhuma personagem, não consegui sentir a dor e as feridas abertas face aos acontecimentos descritos.

Talvez a escrita tenha contribuído para isso, e entendo o seu propósito, até porque são os olhos e a compreensão da Yuna face a cada situação, mas faltou-me alguma coisa para me agarrar a estas personagens e a esta história sofrida.

Ignorância minha, pensava que Aurora Venturini era uma autora italiana (induzida em erros pelo nome), afinal é Argentina. O que eu esperava encontrar em termos de escrita também não se concretizou, mas aqui a culpa foi minha, por falta de pesquisa antes de comprar o livro e de o ler.

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Opinião... Julian Barnes * Mudar de Ideias

Esta foi a minha estreia com o escritor Julian Barnes e, confesso, ia um pouco a medo da escrita que iria encontrar. Fui agradavelmente surpreendida, por uma narrativa simples e directa, com um toque de humor inesperado e imensos exemplos a retratar as ideias apresentadas.

Julian Barnes defende, neste pequeno livro de não ficção, que é legítimo mudar de ideias. Dividido em cinco capítulos, aborda este ideia de cinco perspectivas diferentes, todas elas interessantes e que deixam o leitor a pensar.

A memória, o quanto ela nos pode induzir em erros, por omissões ou confusões com a realidade, fazendo-nos criar certezas por vezes assentes em memórias falsas. As palavras (o meu capítulo preferido) e o seu sentido. A forma com a palavra evolui ao longo dos tempos, acabando por representar uma ideia oposta à da sua origem. A política, e o quanto as ideias políticas podem divergir, quer no eleitor, quer nos próprios partidos, dependendo de quem os lidera. Os livros e o quanto o passar do tempo e a experiência individual condicionam a leitura. E, por fim, a idade e o tempo. Porque de facto, a idade trás consigo conhecimento e sabedoria, que se pode traduzir numa mudança de ideias.

Gostei muito desta leitura, muito mais do que estava a pensar inicialmente. Agradável de ler, curiosa no conteúdo e um ponto de partida para reflexão sobre este tema de mudar de ideias!

E deixou-me cheia de vontade de ler um romance do autor!

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Opinião... Pedro Miguel Ribeiro * A Última Ilusão

Este livro deixou-me curiosa desde o primeiro momento em que ouvi falar dele. Primeiro, trata-se de um novo autor português (ponto a favor)! Depois tem como personagem principal um mágico (inesperado e diferente). Por fim, o mote parte de um truque de magia que extravasa o mágico. Como não ficar interessada?

Assim que o comecei a ler, fiquei de imediato agarrada à narrativa e à escrita peculiar, mas tão boa! O tom deste livro é tão delicioso de se ler!

Zephiro é o nosso mágico. Ele irá apresentar o seu último espectáculo e quer um final de carreira em grande. Como tal muito planeou e treinou, para que fosse lembrado como um mágico incrível.

O dia chegou, o público selecto (o preço dos bilhetes assim o ditava) aguardava com ansiedade este espectáculo, que impunha como regra não entrarem telemóveis dentro do teatro. 

Os três primeiros números foram um sucesso e tudo corria bem na quarta apresentação que iria fazer desaparecer uma pessoa do público para logo de seguida estar junto a Zephiro no palco, o que aconteceu conforme planeado levando a uma excitação adicional por parte do público. O que já não estava planeado foram os desaparecimentos seguintes que desencadearam uma avalanche de reações que Zephiro não sabe como controlar...

Intercalado com estes acontecimentos, teremos capítulos que no passado de várias personagens (ao longo da narrativa, as peças vão-se unindo, criando a explicação necessária). A partir daqui é desfrutar de uma construção muito bem conseguida, com uma explicação inesperada, mas plausível que acaba por levantar até uma questão bastante presente na nossa sociedade, sem que demos conta de imediato.

Adorei esta leitura, desde a escrita, incrível, principalmente para uma primeira obra, até ao desenrolar da acção, passando pelo humor e pelo sentido crítico do autor.

Sem dúvida um autor a acompanhar de futuro!

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Opinião... Emma Donoghue * O Expresso de Paris"

Conheci a autora Emma Donoghue através do magnífico livro "O Quarto de Jack", um livro marcante que, tantos anos depois de ter sido lido, continua na minha memória.

Entretanto já li outros livros da autora, de que gostei igualmente, pelo que avancei para esta leitura com expectativas elevadas, mais ainda quando percebi que se baseou num caso real, de um comboio que não travou a tempo e saiu estação fora, em Paris.

De facto, o Expresso de Paris é a figura central desta história, que começa quando este parte da estação de origem, levando os seus passageiros. Ao longo da narrativa, o comboio irá fazer o seu trajecto e nós iremos conhecer um vasto leque de ocupantes das várias classes, até ao derradeiro momento em que a primeira locomotiva fura a parede da estação e vai parar à rua.

Ainda que continue a gostar da escrita, não adorei este livro, principalmente porque temos uma visão muito superficial de cada passageiro, o que não me permitiu criar conexão com nenhum deles. Acho que teria preferido que o leque de personagens fosse mais reduzido, mas que conhecesse melhor o contexto e as razões para efectuarem aquela viagem.

Ainda assim, é um livro que se lê bem, e acaba por se redimir um pouco com o final que está muito bem descrito. Emma Donoghue voltou a mostrar a sua capacidade de criar impacto no leitor, descrevendo a cena sob a perspectiva de inúmeros intervenientes, criando dinâmica e entusiasmo. 

Mas um final não faz um livro, pelo que, no seu cômputo geral, este "O Expresso de Paris" não foi uma leitura que me tenha enchido as medidas.

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Opinião... Clare Leslie Hall * Terra Ferida

Que livraço! Muito ouvi falar sobre ele e, finda a leitura, junto-me a essas vozes, e é mais do que justo!

Gostei de tudo neste livro, a história, as personagens, o ambiente, a sensação da terra, do meio rural, o toque de mistério, o drama, tudo está escrito de forma muito intensa e bem feita.

Beth e Frank são um casal de agricultores, percebemos desde início que é uma relação baseada no respeito mútuo, mas marcada por uma perda terrível. Sabemos também que Jimmy, o irmão de Frank, tem um temperamento aceso, talvez provocado pela morte prematura da mãe.

Gabriel Wolfe é o habitante rico daquela localidade e foi o primeiro grande amor de Beth. A vida e o extracto social afastou-os, mas não os fez esquecer um do outro…

E sabemos ainda que há um caso em tribunal, onde alguém é acusado da morte de outro alguém, restando saber quem são.

E é daqui que partimos, numa viagem por vezes dura e triste, por vezes um pouco mais leve, mas que nunca deixa o leitor indiferente.

Adorei a escrita e a forma como a narrativa foi construída, revelando a informação de forma muito inteligente e absorvente. Um daqueles romances que eu tanto gosto, sobre personagens e as suas emoções, um livro que transmite locais e situações de forma vívida que torna tudo mais intenso!

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Opinião... Samantha Hayes * A Governanta

Adoro quando um livro me provoca. E esta “Governanta” conseguiu fazer-me quase gritar com as personagens. Acompanhar a derrocada, assistir às atitudes erradas de quem não detém toda a informação, provocou-me nervos, confesso. Mas nervos bons, daqueles que empolgam! E não é isto que se procura num thriller?

Gina e Adam estão a viver na casa da grande amiga de Gina, Annie. Ela é agora uma artista famosa que decidiu fazer um retiro. Na mesma altura ocorre um incêndio na casa do casal e, enquanto as obras decorrem, precisam de um lugar para habitar com os seus dois filhos. O timing acabou por ser útil a ambas.

Ainda nem 24 horas passaram na casa e alguém bate à porta. É Mary e intitula-se a governanta de Annie. Não querendo chatear a amiga no seu retiro, Gina acaba por ceder e rapidamente percebe que esta governanta tem o poder de ocupar muito espaço…

Iremos fazer algumas viagens ao passado de Gina e Annie, juntamente com outras duas amigas, porque obviamente, as peças irão encaixar até ao final do livro, resta saber de que forma!

Consegui identificar parte da situação e, quando me sentia vitoriosa por tal feito, levei uma rasteira, já que surgiu algo que não antevi e me surpreendeu! E eu gosto disso!

Em suma, gostei muito deste thriller. De escrita fácil, bem desenvolvido, teve esta capacidade de mexer comigo e ainda me reservou a surpresa no final, pelo que só posso recomendar a sua leitura!

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Opinião... Bruce Chatwin e Paul Theroux * Regresso à Patagónia

Bruce Chatwin e Paul Theroux tinham já dois livros sobre a Patagónia quando decidiram escrever este a quatro mãos. “Na Patagónia” e “O Velho Expresso da Patagónia”.

Mais do que um pequeno livro de viagens, este livro é um livro de sugestões de outros livros de viagens, com indicações muito interessantes destes dois autores.

A Patagónia, pelo seu simbolismo e, até, misticismo, acaba por servir de “cola” de todas estas leituras dos dois autores, levando-nos numa bonita viagem.

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Opinião... Lourenço Seruya * Morte nas Caves

“Morte nas Caves” é o último thriller de Lourenço Seruya, o quinto da série Bruno Saraiva.

Desta vez vamos até ao Porto, pormenor que adorei, pela forma como a cidade nos é apresentada. Conheço o Porto como visitante e reconheci a sensação de lá estar pelos olhos do inspector Bruno!

A acção deste livro passa-se nas caves do vinho do Porto. Embora o autor se tenha inspirado nas Caves Ferreira e na bonita história desta família, toda a narrativa é ficção. Até porque o livro começa com um assassinato…

Constança é a directora das caves. Ela quer passar a sucessão das mesmas a algum familiar e dois dos seus três filhos ambicionam o lugar. O crime ocorrido a seguir ao jantar da empresa irá colocar tudo em causa. Cabe agora à polícia judiciária descobrir quem matou e porquê.

Gosto muito da forma leve como Lourenço escreve os seus livros, levando-nos pela pesquisa e rebuscando o passado de cada personagem. São livros que entretêm, de facto. Este não foi excepção, contudo, não é o meu preferido do autor.

Isto porque senti alguma falta de um fio condutor em toda a história. Sinto que o autor segue uma linha de escrita na onda de Agatha Christie. Um conjunto fechado de personagens, onde uma delas tem de ser o criminoso. Isto obriga o escritor a elaborar um conjunto de pistas falsas que desviem a atenção do alvo. Mas sinto que estas pistas deveriam ter aparecido de forma mais subtil ao longo da narrativa.

Julgo que esta história, da forma como está escrita, resultaria melhor, por exemplo, numa peça de teatro ou num filme, que vive da cada cena isolada. Num livro, deixou-me com a sensação de ausência do tal fio condutor, que me fez gostar menos desta nova aventura de Bruno Saraiva do que das anteriores…

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Opinião... Tânia Ganho * Lobos

Aguardava com entusiasmo e expectativa o novo livro de Tânia Ganho. Quem já a leu saberá, certamente, porquê!

E não desiludiu! (como podia?). Este “Lobos” tem tanto para oferecer ao leitor, tanto conteúdo, tantas emoções!

Qualquer escritor com menor qualidade teria, provavelmente, criado um livro com demasiada informação. Mas Tânia Ganho tem o poder de brincar com as palavras, de ser concisa e, ao mesmo tempo, detalhada e profunda. O que resulta num livro que mexe com quem o lê, incomoda e expõe situações que habitualmente são abafadas na sociedade. Por isso mesmo, e pela forma crua como está escrito, temo que não será para todos, mas os que tiverem estômago forte, sairão, sem dúvida, mais ricos desta leitura.

O leque de personagens é vasto: Fedra, cientista, lidou toda a vida com cadáveres, tentando identificá-los após situações extremas, quer sejam guerra, violações ou assassinatos. Cansada de ver a miséria humana na sua vertente mais cruel, decide fazer uma pausa. A sua irmã, Helena, sofre uma crise existencial durante o seu segundo casamento. Ela procura algo que não sabe o que é, mas precisa de descobrir a sua essência sexual…

A sua filha, a adolescente Leonor, sofreu um duro golpe, depois de ter confiado num homem mais velho e precisa de ajuda. Será ao lado da tia Fedra que vai encontrar alguma paz.

Amélia é a mãe de Fedra e Helena e a sua doença, o Alzheimer, encontra-se em fase galopante de desenvolvimento, levando com ela as suas faculdades.

Na mesma região onde moram agora Fedra e Leonor, instalou-se também Stefan, antigo fotografo de guerra, também cansado do que já viveu, cria uma reserva de preservação do lobo (que pormenor maravilhoso este!).

E será no meio desta panóplia tão vasta de personagens que vamos viver esta história. Será sofrida aviso já. Nem sequer consegui ler muito tempo de seguida, de tal forma incomoda e, até magoa.

Mas é um livro e tanto!

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Opinião... Raphael Montes * Suicidas

“Suicidas” é o mais recente lançamento de Raphael Montes em Portugal, mas, na verdade, foi o seu primeiro livro editado. E percebe-se, quando comparado com os restantes livros do autor, que, de facto, foi o primeiro. Mas uma coisa é certa, aquele génio criativo tão característico de Raphael Montes já lá está!

Não conheço outro autor que tenha a capacidade de agarrar um leitor para leituras tão macabras e perturbadoras.

Desta vez temos um suicídio colectivo. Quando iniciamos o livro, este duro acontecimento já ocorreu há cerca de um ano, mas ainda não há nenhuma explicação para o mesmo. A investigação decide então juntar todas as mães dos jovens que participaram nesta roleta russa alterada, porque existe um livro que relata a maior parte dos acontecimentos, escrito pela mão de um dos jovens suicidas.

Entre capítulos intercalados, com a leitura do livro, a reação das mães e viagens ao passado, o leitor vai também acompanhando o desbravar dos acontecimentos até ao juízo final…

Gostei bastante deste enredo, da dinâmica das três partes distintas. O que achei menos bem conseguido foi a conclusão, que me pareceu bastante óbvia, quase desde início. Ainda assim, foi uma leitura que gostei muito, que me deixou com os nervos à flor da pele, como se quer num thriller.

E o final, mesmo o final (último parágrafo) faz antever tudo o que ainda aí vem…

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Opinião... Maria Francisca Gama * A Filha da Louca

Depois de “A Cicatriz” as expectativas estavam elevadas com Maria Francisca Gama… É inevitável, não é?

Começando pelo final, não achei este livro tão impactante como o anterior, mas continuo a achar que Maria Francisca Gama sabe entregar uma história, que se torna, inevitavelmente, numa leitura compulsiva. As temáticas, a forma crua e dura como escreve e como conta a história, absorvem o leitor que só quer saber o que irá acontecer a seguir.

Quem nos conta esta narrativa é Matilde, a “filha da louca”. Uma jovem mulher que perdeu a mãe há 7 anos, depois de inúmeros episódios que revelavam o quanto a cabeça da sua mãe não estava bem.

A sua relação com o pai era bonita, e quando ele morre inesperadamente, o mundo de Matilde acaba por ruir, vendo-se só. Quando procurava um fato para vestir o pai para o seu funeral, Matilde encontra um documento que a leva a questionar se a mãe está realmente morta…

Vamos fazendo inúmeras viagens ao passado, numa família completamente desequilibrada e entendendo o quanto isso destabilizou a nossa personagem principal.

Temos aqui uma história de ficção, mas é fácil perceber que podia ser a realidade (e será, certamente) de muitas pessoas. A saúde mental é, sem dúvida, o ponto central da estabilidade de uma pessoa e da sua família. A sua ausência cria traumas e dores irreparáveis. E este livro consegue transmitir isso de forma sublime. Porque Matilde não é maltratada conscientemente, ela sente que é amada, na única forma que a mãe conhece de amar. Mas não é, de todo, a maneira certa e cria amarras...

Gostei muito deste livro, gosto que a autora tenha a capacidade de condensar uma história cheia de pormenores em poucas páginas, até porque sinto que se fosse um livro muito longo, seria demasiado duro de ler.

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Opinião... Kazuo Ishiguro * Nunca Me Deixes

Parece impossível, mas este livro celebra 20 anos! E continua tão actual. É incrível…

Esta foi uma releitura para mim, mas a minha opinião mantém-se. “Nunca Me Deixes” é uma distopia. Um livro que aborda um tema que, há 20 anos, dava os seus primeiros passos, mas que continua muito embrionário, talvez, precisamente, pelas questões levantadas neste livro… Falo sobre a clonagem humana.

Kath, Tommy e Ruth, são três das personagens principais deste livro. Vamos acompanhá-los desde pequenos, quando frequentavam uma estranha escola, em jeito de internato. Na verdade, nenhum deles saiu alguma vez da escola, não conhecem sequer o mundo exterior.

À medida que vão crescendo, algumas teorias vão circulando pelos corredores da escola, mas ainda assim, ninguém sabe exactamente qual o seu papel na sociedade. O desconhecimento leva-os a aceitar tudo sem questionar.

E nós, leitores, somos igualmente ignorantes daquela realidade, que apenas se vai desvendando, aos poucos, ao longo da leitura. Ter a mesma informação que as personagens torna a leitura ainda mais interessante.

Na escrita simples, mas bonita e calma, de Kazuo Ishiguro são-nos colocadas inúmeras questões, nomeadamente no que toca ao valor de cada vida, ao sentido dessa mesma vida, ao papel que cada um desempenha na sociedade. E nesta realidade, existem perguntas para as quais a resposta é extremamente difícil e delicada!

Um livro que dá que pensar, e que nos oferece, nesta edição que eu li, um prefácio escrito na actualidade, pelo autor, em jeito de celebração dos 20 anos, também ela muito interessante.

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Opinião... Taylor Jenkins Reid * Atmosfera

Vamos ao espaço? Vamos! Com Taylor Jenkins Reid, podemos ir a qualquer lugar, porque nos oferece histórias que nos colocam na acção, seja onde for que esta se passe!

Este é o maior dom desta autora, na minha opinião. Ainda que tenha achado que Joan e Vanessa, as protagonistas deste livro, menos passíveis de serem personagens reais, como achei, por exemplo, dos Daisy Jones & The Six ou a Carrie Soto.

De qualquer forma, foi mais um livro altamente viciante, que me agarrou desde início e me fez ler sofregamente até à última página. Como eu gosto disso!

Joan toda a vida sonhou com as estrelas e em estar perto delas. Foi em busca deste sonho que se candidatou a um lugar na NASA, com o objectivo de se tornar astronauta. O mesmo se passou com Vanessa, que sempre sonhou pilotar uma nave espacial.

Elas farão parte da mesma turma, de uma elite escolhida a dedo, para serem a próxima geração a viajar para o espaço. E nós temos o privilégio de as acompanhar.

Assim como vamos acompanhar o desenvolvimento da relação entre as duas, criada de forma muito natural e bonita, com espaço para crescer.

Quando um acidente na nave que transporta Vanessa coloca tudo em causa, Joan, em terra a comunicar com ela no espaço, revê toda a sua vida, os seus valores e os seus objectivos. Adorei a relação de Joan com a sua sobrinha e como ela lhe quer mostrar que podemos sempre lutar pelos nossos sonhos, mesmo aqueles que parecem quase impossíveis, como ser a primeira mulher astronauta!

Um livro que nos deixa ansiosos até (literalmente) à última página!

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