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Opinião... Tânia Ganho * O Meu Pai Voava


Conheci Tânia Ganho com o livro “A Mulher-Casa”. Adorei. Um livro que tantos anos depois ainda povoa a minha mente. Seguiu-se “Apneia”, uma leitura arrebatadora, que colocou a Tânia no topo das minhas preferências, no que se refere a autoras nacionais.

Mas, mesmo sabendo a qualidade da sua escrita, o poder da sua palavra, nada me preparou para este “O Meu Pai Voava”. Que livro maravilhoso. De uma tristeza profunda, face ao que lhe deu origem, mas igualmente de uma beleza e simplicidade ímpar. No fundo, uma homenagem sentida (e que se sente!) a este pai que partiu.

Senti-me completamente arrebatada por esta leitura, como se estivesse numa montanha-russa de sentimentos galopantes, ora sorrindo por conta de uma peripécia à mesa da família, ora de coração apertado pela dor da autora.

Importa referir que se trata de um livro de não-ficção, que Tânia sentiu a necessidade de escrever após a morte do seu pai, que se debatia com o terrível Alzheimer. A perda progressiva das faculdades deve ser algo muito difícil de lidar para o próprio e para quem o rodeia, principalmente, como referido no livro, no que toca a manter a dignidade da pessoa doente.

Sente-se que este livro foi escrito por uma alma em chagas, um coração ferido e sofrido. Mas também se sente que só fica assim ferido quem ama, e não há manifestação mais bonita deste amor por um pai.

Eu tenho a felicidade de ter os meus junto a mim, mas sei que um dia voltarei a este livro (que seja daqui a muitos anos!), com outros olhos e outra necessidade. E ainda assim, a sua leitura, no presente, foi tão importante para mim!

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