Opinião... Maria Isaac * As Histórias Que Nos Matam

Este livro foi inesperado… terminei-o com a sensação que não tinha captado toda a sua essência, o que me obrigou a reler a parte final.

E ainda assim, tenho mais dúvidas que certezas, o que, atendendo ao que se passa com a personagem principal, Miguel Godói, não deixa de fazer sentido. Passo a explicar, Miguel tinha uma vida equilibrada até ao momento em que sofre um grave acidente. As sequelas foram grandes e passam, maioritariamente por perda de memória e episódios de epilepsia, entre outras coisas que não posso revelar.

A adaptação a esta nova realidade é muito dura e Miguel tem alguma renitência em admitir que as suas capacidades não são as mesmas, sucedendo-se situações de extrema confusão dentro da sua cabeça. E é precisamente neste ponto que fico, porque a sensação com que fiquei ao ler o livro foi precisamente essa, de desnorteio, sem perceber o que é realidade (ficcionada) de alucinação. Terá sido intencional?

Existem algumas pontas soltas que me fazem duvidar de várias teorias e mesmo depois de conversar com alguns outros leitores (este livro é perfeito para uma discussão amigável!), continuo com dúvidas.

Ainda assim, a escrita de Maria Isaac, que eu adoro, cuidada e bonita, com atenção a cada frase, que sem ser rebuscada é deliciosa de se ler, continua aqui. E gostei muito do pormenor do narrador, por vezes, falar directamente com o leitor. Num registo completamente diferente dos seus livros anteriores, “As Histórias Que nos Matam” deixou-me baralhada, confesso, ainda que tenha gostado muito de o ler!

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